Caderno Saúde
Infarto é a principal causa de morte por doença no Brasil; em Pelotas foram 731 internações somente em 2023
Diante dos sintomas, recorrer ao atendimento médico o mais rápido possível é crucial para diminuir as chances de mortalidade
Foto: Volmer Perez - DP - Especialista explica que pacientes com histórico familiar precisam estar mais atentos a fatores de risco
O último levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), aponta que, entre 2008 e 2022, o número de internações por infarto aumentou consideravelmente no País. Entre os homens, a média mensal passou de 5.282 para 13.645, alta de 158%. Entre as mulheres, a média foi de 1.930 para 4.973, aumento de 157%. Como as principais causas da ocorrência estão fatores que podem ser evitados como sobrepeso, tabagismo, sedentarismo e má alimentação.
De acordo com o Ministério da Saúde, o infarto agudo do miocárdio é a maior causa de mortes no Brasil. Estima-se que anualmente ocorram de 300 mil a 400 mil casos de infarto e que a cada cinco a sete casos ocorra um óbito. Em Pelotas, de janeiro a dezembro de 2023, foram 731 internações por infarto, uma média de duas ocorrências por dia.
O que é o infarto ou ataque cardíaco
Conforme o professor de cardiologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e hemodinamicista do Hospital Universitário São Francisco de Paula, Alan Castro D'Avila, o infarto agudo do miocárdio é o sofrimento do músculo cardíaco pela falta de irrigação sanguínea ocasionada, na maioria das vezes, pela oclusão de uma artéria coronária por um coágulo. "E com isso ocorre uma isquemia grave".
Perfil
O médico destaca que a prevalência é maior nos homens e que os riscos aumentam com a idade, principalmente a partir dos 40 anos. Desta forma, a incidência é superior em idosos, assim como em outros perfis característicos, como fumantes, pessoas com sobrepeso, diabéticos, hipertensos e lipedêmicos. "Atualmente cresceu a ocorrência em mulheres em comparação com há algumas décadas, mas ainda é mais prevalente em homens", comenta. Outro fator de risco que requer a atenção para a possibilidade de um infarto é o histórico familiar. Ou seja, pacientes que têm parentes de primeiro grau com doença cardíaca precoce, abaixo de 55 anos.
Principais sintomas
Os sinais de um infarto geralmente são intensos e progridem com o passar das horas. Além da conhecida dor no peito, a patologia também apresenta outros sintomas associados como:
- Falta de ar
- Náuseas e vômitos
- Sudoreses
- Desmaios
- Dor no peito com característica de queimação ou aperto e com forte intensidade. Pode irradiar em geral para o braço esquerdo, ombros e costas.
O ataque cardíaco é uma doença que precisa ser tratada o mais rápido possível para minimizar o risco de morte, de preferência nas primeiras três horas dos sintomas ou em até doze horas da ocorrência.
A ocorrência
O médico explica ainda que o músculo do coração sofre pela falta de oxigenação até morrer, o que pode levar horas ou dias. "Pode ser que o paciente sobreviva a um infarto sem ter feito nenhum tratamento específico, mas aquele território do coração que está sofrendo perderá a sua função e trazendo uma outra doença, que é a insuficiência cardíaca", diz. Um infarto que tem mais de 12 horas de evolução, em geral tende a gerar danos maiores ao funcionamento do órgão.
Em jovens
Quando o infarto do miocárdio ocorre em jovens adultos, o cardiologista explica que normalmente há outras causas como doenças cardiovasculares que o paciente pode não saber que tem e por isso não recorrer ao tratamento da condição. "Uma coisa comum em pacientes que morrem repentinamente é que o leigo acaba chamando de infarto, mas bem poucos pacientes que morrem agudamente têm um infarto. Outras causas possíveis são doenças como arritmias graves, miocardiopatias congênitas que não foram tratadas".
Além disso, novamente os fatores de risco como obesidade, sedentarismo e tabagismo também são as causas que afetam a saúde cardíaca dos jovens.
Tratamento
A intervenção para o infarto agudo do miocárdio é de urgência, o paciente que apresenta os sintomas deve ser levado rapidamente ao pronto atendimento mais próximo para que seja realizado um eletrocardiograma para a confirmação do diagnóstico. Considerando as primeiras 12 horas há duas opções de tratamento, de acordo com o Dr. Alan D' Avila a melhor alternativa é a pessoa ser submetida a um cateterismo de urgência, para a identificação da artéria obstruída e desobstrução por angioplastia, assim como posteriormente a colocação de um implante de stent. "E o quanto antes for feito melhor", destaca.
Caso no pronto atendimento não haja a disponibilidade do serviço de angioplastia nos primeiros 90 minutos da chegada do paciente, é utilizado um medicamento chamado de trombolítico para que o coágulo seja quebrado. "Ele tem resultado semelhante a angioplastia nas primeiras três horas, mas depois disso ele perde a eficácia. O paciente ainda assim vai precisar fazer o cateterismo".
Recuperação
Para uma recuperação de forma mais eficaz também entra em consideração o tempo, quanto antes a condição do paciente receber intervenção, maiores as chances de a pessoa se recuperar e voltar a ter uma vida normal.
"Quanto maior o tempo, maior a chance de morte ou de insuficiência cardíaca, que é o músculo que não funciona mais como deveria. Então em cardiologia a gente fala: o tempo é músculo".
O cardiologista conta que tem vários pacientes que sofreram um infarto e têm uma ótima qualidade de vida, realizando atividades físicas, praticando esportes e trabalhando. "Quando o paciente chega precocemente cada vez mais temos melhores resultados". Mas o médico lembra novamente que isso porque a intervenção ocorreu rapidamente. "A prevalência é a mortalidade por essa doença é muito alta".
Prevenção
A melhor forma de evitar o infarto é contornando os principais fatores de risco para a ocorrência como tabagismo, sedentarismo e sobrepeso.
E em condições de risco que não são possíveis de evitar, como diabetes e lipidemias, o ideal é tratar as doenças precocemente e ter um acompanhamento médico adequado. Além disso, é importante a população seguir uma rotina de consulta com cardiologista, principalmente a partir dos 40 anos. "Para que se faça a prevenção e se tiver familiares de primeiro grau com infarto precoce, procure pelo menos dez anos antes da idade de infarto do familiar", detalha D'Avila.
Outros elementos essenciais para evitar o ataque cardíaco e outras doenças são a alimentação saudável e a prática atividades físicas.
Em caso de ocorrência de sintomas como a dor no peito é indispensável procurar o serviço de urgência o mais rápido possível.
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